Como o Danilo contou em seu último post, nós embarcamos para o Butão sem termos muita ideia do que esperar. Seguindo a política de turismo do governo tivemos que contatar uma agência local para pagar antecipadamente a taxa diária fixa, sem poder escolher hotéis ou restaurantes.
Mas as surpresas boas começaram logo no início, com o vôo de ótima qualidade da companhia área estatal Druk Air, e não pararam mais. O país é muito diferente de vários países asiáticos que já visitamos. Tem muito verde, cidades tranquilas, diversos monastérios e stupas (monumentos budistas), um povo simpático e predominantemente jovem. Não vimos favelas, carros velhos nem grandes áreas de entulhos. Não há uma grande diferença entre classes sociais, não há lojas de grifes famosas para a minoria rica. É um país bastante agrário, ainda com pouca influência externa e com uma cultura forte. Algo muito difícil de se encontrar em pleno século XXI.



Em Paro, única cidade com aeroporto internacional, nos colocaram no Hotel Metta Resort & Spa, com um quarto enorme e boa comida. Lá fomos visitar um dos cartões postais do Butão, o Monastério Budista Taktsang. Ele fica a 2950 m de altura, 900 m acima do vale de Paro, no topo de um penhasco e é preciso subir umas 2 horas para alcançá-lo. É um dos locais de peregrinação mais venerados do Butão. O complexo do templo foi construído em 1692, em torno de uma caverna onde o Guru Rinpoche meditou por três meses no século VIII. Foi ele que introduziu o Budismo no Butão e nos outros países dos Himalaias. Ele é considerado o segundo Buda pelos seus seguidores, que acreditam que ele voou para este local de Khenpajong, Tibete sobre uma tigresa. Por isso o lugar também é conhecido como Tiger’s Nest (Ninho do Tigre).




No caminho vimos várias mini stupas. Eles acreditam que fazer estas mini stupas em casa e colocá-las como oferendas pode ajudar a recuperar a saúde.

Nenhum dos monastérios do Butão permite fotografias da parte de dentro então não poderemos mostrar suas estátuas e paredes enfeitadas. Há sempre muitas estátuas, algumas enormes e várias pequenas. Sempre vimos ao menos o Buda atual (Guru Rinpoche), o primeiro Buda, o futuro Buda e a Deusa da Compaixão. Além disto, tem os 7 potes com oferendas de água, incenso queimando, comidas e bolos confeitados.
Para ir de Paro a Thimphu fizemos um trekking de 5 dias / 4 noites acampando pela rota conhecida como Druk Path (Caminho do Dragão). O que não esperávamos era um acampamento tão estruturado. Fomos com nosso guia, o cozinheiro, dois ajudantes e 7 cavalos carregando toda a carga.

A cada acampamento eles montavam nossa barraca-quarto, a barraca-cozinha, a barraca-sala-de-jantar e, incrível, a barraca-banheiro e a barraca-banho! Vocês precisavam ver o quanto ficamos felizes quando vimos a barraca-banheiro pela primeira vez. Foi muita emoção depois de 34 dias com banheiro de agachar no Nepal, rs.




O trekking é lindo. São cinco dias caminhando por entre as florestas e acompanhando a mudança das plantas conforme a altitude. Uma paz e um ar puro indescritíveis. O ponto mais alto do caminho tem 4200 m e uma das noites dormimos a 3800 m. Estava congelante, só conseguimos sobreviver porque estávamos com roupas e sacos de dormir adequados. Para quem é acostumado a caminhar e não tem muito tempo disponível, dá para fazer em 4 dias / 3 noites.







Nos últimos dois dias pudemos ver muitos pássaros kingfisher, naturais desta região do mundo.

Thimphu, a capital, nos lembrou um pouco Campos do Jordão, em SP, em uma versão ampliada. É muito gostoso olhar para todos os lados e enxergar o verde.

Fomos visitar o Buda, a stupa construída em homenagem ao terceiro rei do Butão e a Trashichodzong, a sede do clero no país.




Para quem tem interesse em conhecer o Butão recomendamos a agência Snow White Tours. O serviço foi ótimo e tivemos a oportunidade de conhecer e bater papo com sua dona, a Kencho, uma butanesa muito gente boa super preocupada em agradar seus clientes.
Foi uma delícia passar um tempo em um país tão único. As mudanças já começaram e são inevitáveis. Resta torcer para que, pelo menos por lá, o progresso e a democracia tragam mais benefícios que malefícios. Torcer para que estas pessoas que foram eleitas, e que estão sentindo o gostinho do poder pela primeira vez, não esqueçam de tudo que seu visionário ex-líder os ensinou: que a evolução de um país não se mede por sua riqueza mas sim pela qualidade de vida de seu povo.