Tenho muita coisa para contar deste nosso período de voluntariado no orfanato do Vietnã, mas todos os detalhes de nossa rotina perdem importância perto de tudo que vivenciei aqui. Sei que nada do que eu escrever vai conseguir transmitir o quanto foi intenso para mim este período com as crianças.
Foram semanas super gratificantes, mas também difíceis. Foi um encontro de crianças carentes por carinho e atenção com uma pessoa sonhando a muito tempo em ser mãe e cheia de amor para distribuir. Pude abraçar, dar colo, levar ao banheiro, trocar, beijar, dar comida, apertar e brincar muito. Porém tive que ver o que são crianças lutando por sua sobrevivência em um ambiente às vezes hostil, o que partia meu coração.
A dona do orfanato é um ser iluminado que vive em função destas crianças, porém ela passa boa parte de seus dias correndo atrás da administração do local. Trabalhando fixo no local há uma cozinheira e mais três “voluntárias” para dar conta de 60 crianças.
Duas destas voluntárias são pessoas extremamente pobres que não tem para onde ir e trabalham no orfanato em troca de casa e comida. Uma delas está com um bebê de 6 meses e a outra está grávida e pretende deixar o bebê no orfanato depois que ele nascer. Como a ajuda é limitada os maiores tem que cuidar dos menores: dar de comer, dar banho, trocar, etc. Foi muito bacana ver crianças de 5 a 9 anos tendo um super carinho e ajudando os menores de 2 ou 3 anos.
O problema é que são muitas crianças juntas com pouca supervisão e a “lei do mais forte” impera. Todos sabemos que crianças podem ser extremamente cruéis e aqui não é diferente. Alguns dos maiores são super cuidadosos com os pequenos, mas outros são verdadeiros carrascos em miniatura. Tive que ver cenas dos pequenos apanhando sem motivo. Só que desde crianças que nós todos reagimos aos problemas de formas diferentes. Algumas crianças aprenderam a se defender mas outras não conseguem e são alvo do famoso bullying. Sempre apanham e vivem em um universo de medo e dor. A questão é ainda mais complexa pois no Vietnã é considerado normal bater em crianças para educar. Fica sempre a dúvida de qual é o limite.
Para mim foi super dolorido acompanhar o dia a dia de algumas destas crianças mais indefesas. Sempre ficava pensando em como a vida delas poderia ser diferente se tivessem sendo criadas em uma família, recebendo amor e atenção. Saber que um problema existe é diferente de vê-lo ao vivo com todos os detalhes. Não imaginei que seria tão duro.
Por outro lado, a grande maioria se adaptou bem à vida neste ambiente coletivo e não conhece outra realidade. Brincam, se divertem, sabem se defender e são um milhão de vezes mais felizes do que seriam vivendo nas ruas. Têm casa, comida, amigos e a oportunidade de ir à escola, que jamais deveria ser negada a uma criança.
Ao receber todos aqueles sorrisos, beijos e abraços eu tive certeza que estávamos no lugar certo e que, pelo menos por um tempo, pudemos fazer estas crianças um pouco mais felizes. Algumas destas lembranças irão comigo para sempre. Sei que mesmo daqui muito tempo ainda vou pensar em algum deles e rezar para que encontrem seus caminhos e se realizem nesta vida, apesar deste começo conturbado.
Recomendo esta experiência de vida a todos! Agora é hora de dar um fôlego a este meu coração pois nossa viagem inclui outros voluntariados.
Cada post que leio impossível não se emocionar e me fez pensar nas oportunidades…e no meu filho. Parabéns pelo trabalho sou uma admiradora desta linda imiciativa.Sempre que posso divulgo o site.
Obrigado por nos acompanhar. Estamos muito felizes por poder passar esse tempo com as crianças. Ao mesmo tempo que podemos dar um pouco de carinho e afeto, também recebemos muito deles. Abs
Olá Mila! Bom, para relembrar, fomos colegas lá na Alimentos da Unicamp.
Escrevo para dizer que andei lendo seu blog, bem como o do Danilo. Fiquei admirado com a iniciativa. Acho que vocês conseguiram fazer algo muito profundo – a transformação de uma dor em motivação. Eu nem saberia dizer aqui o quanto o mundo precisa de ações como as que vocês tem realizado. Sempre fico emocionado, em especial porque no Brasil há a cruel tendência das ações terminarem nos discursos – ou seja, antes de seu início. Parabéns e avise se eu puder ajudar!
Clecios, quanto tempo! Muito obrigada pela sua mensagem, fiquei feliz em saber que você está lendo nossos posts. Tomar uma decisão como a que tomamos não foi fácil mas queríamos muito sair da roda de frustração em que estávamos e esta foi a melhor maneira que encontramos. Acho que foi a decisão certa pois é só ampliarmos nosso horizonte que vemos como nossos problemas são pequenos. Há várias maneiras de ajudar, divulgar talvez seja a mais fácil. Quanto mais pessoas se sensibilizarem mais ajuda os orfanatos receberão (dentro ou fora do Brasil). Para ajuda financeira há duas maneiras: podemos te passar o contato direto dos orfanatos (estes em que estivemos nesta viagem ou de um orfanato em São Paulo que conhecemos) ou você entra no COMO AJUDAR deste site, faz uma doação e te contamos o que compramos para as crianças (fizemos desta forma com alguns amigos). Qualquer coisa me escreva através do CONTATO no site. Um beijo grande.
Mila! Que incrível!!! Obvio que chorei lendo seu relato. É realmente inacreditável como tantas coisas ficam pequenas e sem sentido quando nos deparamos com realidades tão difíceis… Ao mesmo tempo, é lindo ver como a felicidade pode aparecer mesmo nessas situações, no sorriso de cada criança.
Muitas saudades de vc! E que vcs tenham muitos momentos intensos e felizes. Beijo grande, Carol
Bom dia meus amigos, sou brasileiro decendentes de portugueses, vou ter um tempo livre de 30 dias e gostaria de fazer um trabalho voluntario em PORTUGAL, amo este povo gosto de lidar com crianças e idosos se puder ajudar,meu WATSAPP 31 xxxxx0501
Alexandre, obrigada por entrar em contato. Muito legal saber de sua intenção, o trabalho voluntário realmente nos transforma. Te escrevi para conversarmos melhor por WhatsApp. Abs
Olá, como.voce conseguiu ser voluntária no Vietnã. Tenho muita vontade de ser voluntária e inclusive adotar um bebe de lá.
Maristela, nós organizamos este trabalho através de uma ONG. Trabalhar em orfanatos tem regras bem rígidas para prezar pelo bem estar das crianças.Já a questão de adoção é bem complexa, sugiro buscar algum advogado especializado para te orientar no processo. Um abraço