De Puente la Reina a Torres del Río: 51 Km

Dividimos em duas etapas: Puente la Reina a Estella 22 Km e Estella a Torres del Río 29 Km.

Finalmente, depois de uma semana velejando, voltamos a caminhar. Para chegar de volta a Puente la Reina foi uma longa jornada: ônibus, avião, trem, a pé, trem, metro, ônibus e mais uma caminhada. Chegamos!

Estávamos empolgados para retomar e saímos às 6h da manhã, ainda escuro. A paisagem começou a mudar, acabaram os campos de girassóis e trigo e começaram as parreiras. Junto delas, muitas amoras e endrinas (fruto típico que se usa para fazer o licor pacharán; cuidado para não confundir pois parecem blueberries mas são bem ácidas).


O caminho foi relativamente fácil. Tirando que praticamente não havia árvores e tivemos que caminhar embaixo do sol escaldante, tudo correu bem, afinal era o dia de retomada e foram apenas 22 Km. Chegamos em Estella cedo, bem a tempo para uma boa garrafa de vinho e um menu do peregrino (custa entre 7 e 15 euros e dá direito a entrada, prato principal e sobremesa, acompanhado de uma garrafa de vinho ou água). Dormimos muito bem.

No dia seguinte, começamos ainda mais cedo, tínhamos 29 Km para percorrer e não queríamos “torrar” no sol depois das 13h. Às 7h estávamos em Irache, em um paraíso chamado Bodega Irache. É delicioso poder tomar vinho direto da fonte para complementar o café da manhã! Isso mesmo, tem uma fonte onde você pode escolher se quer encher seu cantil de água ou vinho, lógico que completei com vinho! É a energia que eu precisava para os outros 27 Km.


Logo após Irache, em Azqueta, conhecemos uma figura chamada Pablito! Havia um senhor sentado na praça e ao cumprimentá-lo fomos convidados para ir até sua casa, pois ele iria carimbar nossa credencial de peregrinos. Na hora não entendemos nada, mas fomos. Conversando com ele, lembramos das histórias que havíamos lido em alguns guias: Pablito é conhecido porque fica na cidade distribuindo cajados feitos por ele para ajudar os peregrinos no caminho. Nesse ano ele estava triste, teve que operar o joelho em fevereiro e não pode cortar a madeira para fazê-los. Mas ele nos deu as conchas de peregrinos e nos contou histórias fantásticas, dentre elas sua ida, em 1965, de bicicleta até Santiago de Compostela e a origem de uma pedra de mais de 800 anos com a Cruz de Malta, que ele tem em seu quintal. Pablito, muito obrigado pela recepção!


Depois foram quilômetros e quilômetros embaixo de sol, com parada apenas em Villatuerta e Los Arcos para visitar as igrejas e também para breves refeições de reforço!

A chegada ao local para dormir é extremamente reconfortante, uma cama para ficar estirado durante duas horas com os pés para cima até eles pararem de latejar, um banho quente para as pernas pararem de tremer e para as costas voltarem ao lugar. Dói, mas vale a pena cada segundo!

Vejam como foi a continuação no próximo post e a chegada até Puente la Reina no post anterior.