Passear por Kathmandu é uma experiência imperdível, mas bem intensa! Eu e o Danilo não estranhamos muito pois já estivemos na Índia por 20 dias, uma super preparação para enfrentar locais populosos, carentes, desorganizados e barulhentos.
O barulho das buzinas é constante o dia todo, ninguém sabe dirigir sem utilizá-las. São carros, vans, caminhões, micro ônibus, tuk tuks e motinhos apertados em ruas estreitas. Dentro da cidade não há grandes avenidas e ficar horas parado no trânsito já é esperado. Uma das principais ruas de Kathmandu, que cruza a cidade, tem em boa parte de sua extensão apenas uma pista de cada lado. Ao invés de semáforos, fica um guarda com um apito em cada cruzamento para controlar o trânsito. Agora o governo decidiu que aumentar a sua vazão é uma prioridade e iniciou um processo de demolição de todos os edifícios ao seu redor. Calçadas já não existiam e agora temos que andar no meio das obras.
No meio desta confusão, que por si só já é uma atração, há uma série de locais super interessantes que valem a visita. O bairro de Thamel é o paraíso dos turistas, onde estão todas as lojas de souvenirs, artesanatos, equipamentos para trekking e o que mais você quiser comprar. Passear por suas ruelas apertadas, lotadas de lojinhas, vendedores de rua, restaurantes e hotéis é uma delícia. Aqui também se encontram os bares e boates.
Quanto bater um cansaço do barulho e da confusão vale uma visita ao Jardim dos Sonhos, um paraíso verde, silencioso, com um restaurante dentro, para uma refeição ou um chá da tarde.
Na parte antiga de Kathmandu fica uma de suas maiores atrações, o Durbar Square, considerado um dos Patrimônios da Humanidade pela Unesco. Era neste local que os reis eram coroados e legitimados. Hoje ele ainda é o coração da cidade e nele pode-se ver sua histórica arquitetura e muitos templos. É nesta parte da cidade que mora a Kumari Deva, a menina deusa.
O Nepal, além de ter centenas de deuses, deusas, entidades, Budas e manisfestações, possui uma deusa de verdade, viva. A deusa é escolhida entre várias meninas de uma casta específica, que cumprem 32 requisitos físicos, que vão da cor dos cabelos ao som de sua voz. Seguindo um processo de seleção, que inclui colocar todas as meninas em um quarto escuro e assustá-las, a nova deusa é “identificada”. Ela permanece morando no Kumari Bahal com sua família até sua primeira menstruação, quando volta a ser uma simples mortal e a nova deusa passa a ser procurada.
Outro local imperdível é o templo budista Swayambhunath, conhecido como Templo dos Macacos. Ele possui no seu topo a grande Stupa de Swayambhunath, de onde pode-se ver boa parte da cidade de Kathmandu.
A experiência é muito diferente, o local cheira a incenso, tem várias lojas e stupas e é lotado de macacos, que atacam sem pena a comida dos turistas desavisados.
Bem perto de Swayambhunath fica o Parque Buddha Amideva, com três grandes estátuas: do Sakyamuni Buddha, de Chenresig e do Guru Rinpoche.
Outro passeio que vale a pena é ir até a cidade de Bhaktapur, uma das três cidades medievais do Vale de Kathmandu (sendo a melhor preservada). A cidade possui três praças cheias de templos, incluindo o Templo Nyatapola, o mais alto de todo o Nepal, com 30 m de altura.
Tem também o templo dedicado a Shiva com imagens eróticas de humanos e o templo erótico dos elefantes, divertidíssimo!
São várias ruelas onde vemos estátuas, produtores de cerâmica, restaurantes, lojinhas e estudantes.
Visitamos também uma escola de pintura Thangka (ou Thanka). Este tipo de pintura tem sua origem no Tibete mas hoje prevalece no Nepal. É uma arte religiosa que budistas utilizam para representar deuses, deusas, mandalas e figuras históricas. Eles acreditam que estas pinturas são bonitas manifestações do divino, sendo estimulantes visuais e mentais. O trabalho é maravilhoso, dá para ficar horas contemplando os detalhes de cada quadro.
Como estávamos em pleno Festival Dashain (como o Danilo explicou em um de seus posts) vimos búfalos e cabras que seriam em breve sacrificados.
Agora mudando de assunto e falando um pouquinho de comida. A especialidade de Bhaktapur é seu iogurte natural, o Juju Dhau, que adorei.
Já em Kathmandu não dá para perder o Momo, um bolinho assado no vapor que pode ter recheio de frango ou legumes. Uma delícia.
Após todos estes passeios terminou nosso período de 34 dias no Nepal, agora vamos seguir viagem para conhecer novos lugares.
Este país vai ficar sempre na nossa memória: pelas paisagens maravilhosas dos Himalaias, por termos conhecido um grupo muito especial que fez o trekking conosco, por nossa conquista pessoal de termos ido até o Everest Base Camp e ao topo de Kala Patthar (o maior desafio físico que já tivemos na vida), pela oportunidade de termos vivido o dia a dia em uma cultura tão diferente da nossa, por temos conhecido um povo tão sofrido e tão simples, que muito nos encantou e, acima de tudo, pelo que aprendemos e vivenciamos com as crianças do orfanato BFCH.
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