A viagem pela Jordânia foi uma nova aula de história. Para vocês terem uma ideia, existem evidências de atividades humanas na região desde 90.000 a.C. (paleolítico) e, entre 6.500 e 5.000 a.C. (neolítico), já existiam formações de pequenos assentamentos, como por exemplo Ein Ghazal na região de Amã. Mas foi na Idade do Bronze (aproximadamente entre 3.200 e 1.300 a.C) que realmente começaram a se formar a maior parte das aldeias, já com sistemas básicos de abastecimento de água e de defesa.

Depois dessas fases, o território passou por domínios diversos:
1.000 a 612 a.C.: Assírios
612 a 539 a.C.: Babilônios
539 a 330 a.C.: Persas
330 a 63 a.C.: Helenos
63 A.C. a 395 d.C.: Romanos
395 a 634 d.C.: Bizantinos
634 a 1.071 d.C.: Árabes
1.071 a 1.516 d.C.: Seljúcidas (só para lembrar e comparar, nesse período o Brasil foi descoberto)
1.516 a 1.917 d.C.: Otomanos
1.917 a 1.946 d.C.: Ingleses

E em 17 de janeiro de 1946, foi constituído o Reino Hashemita da Jordânia, que hoje tem uma população de 5,7 milhões, um PIB de USD 35 bilhões e muitos lugares para se conhecer. Um detalhe interessante sobre a população jordaniana é que grande parte foi formada com base nas guerras dos países vizinhos. Por causa do conflito na Palestina, por exemplo, a Jordânia recebeu mais de 750.000 refugiados (quando na época a população local era de 250.000 pessoas). Depois, na guerra do Iraque, vieram mais de 100.000 e agora com o conflito na Síria já receberam mais de 150.000 refugiados.

Quanto aos lugares, fomos conhecer:

Jerash (Gerasa na Antiguidade)

Considerada uma das mais bem preservadas cidades greco-romana do mundo, fazia parte das Decápolis Romanas no auge do império. Com seus teatros (sendo que um deles comportava mais de 6.000 pessoas), hipódromos, arcos, catedrais, templos, fontes, banhos, ruas e praças pavimentadas é um lugar impressionante e que vale a pena visitar.

Castelo Qala’at ar-Rabad em Ajlun

Castelo construído em 1184 d.C., por um dos generais de Saladino (Izzeddin Usama Ibm Mugideh). Ele serviu como proteção contra as invasões dos Cruzados, que visavam a região devido às minas de ferro e por sua localização estratégia no caminho para o vale de Jordão, rota para a manutenção do comércio entre a Jordânia e Síria. Por mais de três décadas os Cruzados tentaram, sem sucesso, dominar o castelo.

Castelos do Deserto

São três construções, entre 80 e 120 km de Amã, denominadas de castelos, mas que na realidade serviam para diversos propósitos, dentre eles, proteção de caravanas, centro de comércio, banhos, locais de descanso, etc.

Qasr Al-Kharana (ou Qasr Al-Harrana)

Usado para receber caravanas ou como palácio de férias da família do sultão.

Qasr Amra (ou Quseir Amra)

Banho do deserto, construído no século VII, é considerado um dos patrimônios da humanidade pela Unesco devido a grande quantidade de desenhos e imagens nas paredes internas. Os desenhos mostram desde a história da construção do local até uma provável sequência de imagens de Cristo criança, jovem e adulto, além de cenas de caça, lutas, banhos, etc., que representam o estilo de vida e crenças do povo naquela época.

Al-Azraq Ash-Shamali (ou Al-Asrad)

Castelo que teve sua construção iniciada pelos romanos no século IV e que foi sendo aumentado pelos bizantinos, árabes e otomanos. Nele viveu Lawrence da Arábia, no inverno de 1917, durante a revolta árabe contra os otomanos.

Mar Morto

Se estende por 80 Km de Norte a Sul do país e por 14 Km de Leste a Oeste, fazendo a divisa entre a Jordânia e Israel. Ele é o ponto mais baixo da Terra ficando 390 m abaixo do nível do mar. Não tem como pensar em fazer uma viagem para essa região sem deixar um tempo para um “mergulho” no mar Morto. É uma sensação muito engraçada tentar afundar e, por mais que force, continuar boiando. Isso acontece devido à grande concentração de sais em sua água.

Quem quiser experimentar, aconselho vir antes de 2050. Existem estudos mostrando que depois disso o mar irá desaparecer, pois a quantidade de água que chega do rio Jordão (que está sendo desviado para abastecer as cidades) e das chuvas são menores do que sua atual evaporação.

Madaba

Cidade dos mosaicos, citada no Êxodo da Bíblia. Nela fomos conhecer a Igreja Ortodoxa Grega de São Jorge, onde encontramos parte de um antigo mosaico datado do século VI, que originalmente tinha 25 x 5 m e mais de 2 milhões de pedras (hoje tem um pouco menos de 2/3). Nele podemos ver retratada a história e caminho para a Terra Santa, desde o delta do Nilo até Jerusalém. São várias cidades e pontos bíblicos demonstrados com perfeição no chão da igreja. Inclusive, foi através desse mapa que se tomou conhecimento do provável local de batismo de Jesus, situado a 8 Km do Monte Nebo, nas margens do Rio Jordão.

Monte Nebo

Para quem não se lembra, aproximadamente entre 1.250 e 1.210 a.C., Moisés liderou o povo de Israel em direção à Terra Santa. E foi no topo do Monte Nebo, onde ele viu a terra prometida e morreu. Ninguém sabe onde ele foi sepultado.

A vista do local é impressionante, dá para ver Jericó, o Mar Morto, o Rio e Vale do Jordão.

Pequena Petra

Como última etapa da viagem, era hora de irmos em direção ao Sul até chegarmos a Petra. Foram 250 Km pelo deserto, passando primeiro pelo castelo de Shawbak, que foi construido nas montanhas durante as Cruzadas e que demorou 75 anos para ser conquistado por Saladino. Depois, passando por Al Beidha, conhecida como “Pequena Petra“, uma miniatura do que veríamos no dia seguinte.

Petra

Em grego significa pedra. Tem mais de 2.000 anos e sua construção e finalidade ainda são cercadas por mistérios. Capital dos Nabateos, povo que dominava o comércio na região e que era responsável por grande parte do fornecimento de mirra, incenso e âmbar para o Ocidente (Império Romano).

O caminho é espetacular, com os dois lados cercados por tumbas e memoriais escavados nas montanhas e com um sistema de represa, túneis de escoamento e canalização, não apenas para evitar que a água das chuvas entrassem na cidade através do Siq, mas também para abastecer e armazenar para os longos períodos de seca.

O Siq é um show a parte, uma fenda de 1.200 metros de comprimento, com larguras entre 7 e 20 metros, entre as montanhas de até 90 metros de altura, que nos acompanham até a extraordinária e indescritível visão do Khazneh El Faraoun (Tesouro do Faraó), a obra prima dos Nabateos, com 39 metros de altura, cheio de detalhes influenciados por culturas gregas e egípcias, entre outras.

Mas a cidade não é apenas o Siq e o Khazneh, depois disso podemos caminhar por mais 2 Km cercados por muitas tumbas, templos e colunas.

No final há uma subida de mais de 800 degraus que leva ao Monastério, outro monumento escavado na montanha, ainda maior do que o Khazneh, porém com muito menos detalhes. É cansativo, mas o esforço vale a pena.

Para quem se interessar e quiser saber mais sobre Petra tem um documentário da National Geographic, de pouco mais de 45 min, da série Obras Incríveis. Vale a pena assistir.

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Post publicado originalmente em setembro de 2012 e atualizado em agosto de 2019.